sexta-feira, 30 de julho de 2010

Era uma vez aí...

    Uma amiga minha disse que eu deveria mudar o nome do blog para “Falo de Vez em Quando”. É verdade que faz um tempo que não posto,mas  para compensar estou postando esse texto.Espero que gostem.Era uma vez aí...


      Era uma vez aí, uma adolescente cujo nome era Maria das Dores Salgueiro da Silva, mas chamavam-na Branca de Neve porque era albina,coitada. Depois da morte de seu pai, que era  rei momo de uma  escola de samba, Branca ficou  vivendo  com Suleide, sua madrasta,mas era frequentemente explorada por ela.
    -O quê? Te emprestar uma grana? De novo Má?
    -Ô Branca, é para eu comprar meu cigarro.
    Naquela mesma noite a garota albina, cansada de tudo aquilo, fugiu de casa.Começou procurando uma pousada, mas os preços eram gritantes.Por fim, encontrou uma pequena pensão e decidiu ver se conseguia um quarto.Bateu à porta e logo apareceu um anão.
    -Bom dia meu senhor.-cumprimentou Branca.
    - Bom dia, por quê?!
    -Bem, tradicionalmente faz-se esse cumprimento ao se encontrar uma pessoa conhecida ou mesmo desconhecida com quem se deseja falar. O termo começou a ser usado...
    - Chega! O que quer aqui?
    - Gostaria de saber se tem algum quarto vago, que seja barato.
    -Não alugamos quarto de graça.
    -Você sempre com essa sua rabugice. Desculpe garota, ele é sempre assim. Olhe, o que sabe fazer?
    Um outro anão, bem mais simpático havia chegado à porta.
    - Sou diarista, poderia arrumar a casa.
    - Se fizer a arrumação duas vezes por semana, posso fazer o aluguel por um preço barato. Mas já vou avisando , aqui moram sete anões homens.
    -Há, não se preocupe. Eu ando com uma faca.
    -Não me referia a isso, mas sim a bagunça.
    Branca de Neve se mudou para a pensão dos anões. E a primeira coisa que fez...foi amolar a faca.
    Ela achou muito interessante a personalidade de cada um.O que atendeu a porta era rabugento o tempo todo. Dizem que foi porque sua mulher fugiu com um vendedor de churros. Um ficava rindo direto, não podia ver nada que já começava a rir. Branca observou que quando ele assistia ao noticiário, não se continha. Gargalhava. Acham que  decidiu adotar aquele velho ditado.
    Havia o que sentia  vergonha de tudo, principalmente das suas orelhas. Motivo pelo qual usava constantemente um chapéu de cowboy. Outro  na maior parte do seu tempo livre dormia, por isso gostava tanto dos dias de eleição. Votava cedo,  para passar o dia dormindo no sofá da sala. Um era mudo.Falava demais, de tudo e de todos , então teve alguém que não gostou do que ele disse.  O segundo que veio à porta atender Branca de Neve era mais centrado e  o responsável pela pensão.Já foi Mestre de obras do governo, mas sabe como é, a verba não saiu.E havia um que espirrava o tempo todo, chegaram a pensar que poderia ser a gripe H1N1, mas era apenas alergia mesmo.
    Certo dia, os anões como sempre, foram para seus trabalhos. Branca de Neve  agora era quem estava responsável pela pensão  enquanto os anões estavam fora. Antes de sair,  o que já fora  Mestre de obras fez algumas recomendações à garota.
    -Branca, cuidado para quem abre a porta. Se for cobrador, fique quieta para que ele pense que não tem ninguém em casa. E fique longe dos vendedores, principalmente os de enciclopédia, eles são os piores.
    -Não se preocupe.-falou a garota albina.
    Naquela mesma tarde, bateu à porta uma senhora. Branca hesitou mas abriu a porta.
    -Boa tar...Nossa como você é branca!
    -Algum problema, minha senhora!
    -Não nenhum...é que...
    -O que a senhora quer?
    -Sou uma vendedora de...
    -Se for de enciclopédia pode ir...ha, não é não. Se fosse, não começaria dizendo que é vendedora, mas sim perguntando se eu gosto de estar sempre atualizada com o que ocorre no mundo ou algo parecido.
    -Sou vendedora de frutas. Gostaria de comprar alguma?
    - É verdade que não temos muitas frutas. Vou querer algumas maçãs.
    -Aqui estão.
    - Obrigada.
    Branca de Neve pegou as maçãs e as guardou. Não, sem antes, pegar uma para experimentar.  Após uma hora, a garota começou a sentir fortes dores na barriga. A maçã estava estragada e causou  uma infecção intestinal.
    Nessa situação, a garota albina, após ter pego dois ônibus, chegou a um hospital público.Depois de quase bater na atendente, que conversava com uma mulher sobre um tal de Carlos, conseguiu fazer uma ficha. A fila de espera se estendia  de um lado a outro do hospital. Lá estava Branca de Neve, com fortes dores na barriga , esperando por atendimento. Decidiu então, armar uma barraca. Foi nesse hospital que a garota conheceu Charles, ele estava lá por problemas de gases.Depois que conseguiram atendimento (olhe que isso demorou), trocaram telefones ,se conheceram e resolveram então morar juntos na pensão dos anões. E hoje , estão vivendo do jeito que dá.