terça-feira, 19 de abril de 2011

Depois...


Procrastinar, como é bom. Percebi que somos procrastinadores desde sempre. Aquelas crianças que quando nascem não choram, procrastinadoras. Devem pensar:”ah eu choro depois ”. Por falar no “depois”, que palavra dominadora. Deve ser uma das mais pronunciadas durante a vida.”Depois eu almoço,mãe”, “depois eu ligo”, “depois a gente conversa”,”depois eu limpo”. Os piores são aqueles que : “depois eu pago”,”depois eu tomo banho”,etc.E as que mais atrapalham a vida:”depois eu estudo”,”depois eu resolvo”.Essa última é assassina de tempo.
A palavra “depois ” deve causar algum prazer, como um vício. Deveria ser estudada mais a fundo pelos linguistas, quem sabe seja o “s” no final ou esse estranho “d ” no começo, não sei,depois eu penso nisso...depois não, depois sim... ela é tão poderosa que consegue aparecer nesse texto muitas vezes como um vício de linguagem incontrolável, depois,depois...
Muitas pessoas afirmam viver no passado; duvido. Delegam tanta coisa para o futuro, que pro passado não sobra nada. O problema é quando o futuro chega:” oi, está na hora”.Acabou-se tudo, o “depois” que causou tanto prazer agora é odiado, mas logo volta-se a amar o “depois”, ele tem essa característica misteriosa.
Essa crônica mesmo foi um pretexto para adiar o estudo do assunto da prova que vou ter amanhã. O depois está começando a ser odiado agora, então vou parando por aqui.Vou estudar.Depois a gente conversa mais.

sábado, 2 de abril de 2011

História Mal Contada


                Já faz um tempo que os personagens da história de chapeuzinho vermelho vêm me pedindo um espaço no blog para um desabafo sobre esse conto. Hoje venho disponibilizar esse espaço para seus depoimentos.

Chapeuzinho Vermelho: Eu não gosto de vermelho, prefiro rosa. Chapeuzinho rosa seria bem melhor. Bem, o começo da história não me agradou nada. A cesta de doces já era pesada e eu ainda tive que carregá-la pelo caminho mais longo, meus pés chegaram inchados à casa da vovó. E se a vovó estava doente, eu deveria estar levando remédios também.               
                Entrando na casa, me deparei com um lobo horrivelmente disfarçado de vovó, só que, como a história mandava, tive que fingir não ter notado e falar aquelas frases de criança de dois anos: que nariz grande a senhora tem... blá,blá, blá...

Mãe de Chapeuzinho: Que idéia foi essa de pôr a vida da minha filha e da minha mãe em perigo?! Esse autor deveria ter levado umas boas palmadas.

                O Lobo Mal não morreu, sua barriga foi costurada e também quis deixar o seu desabafo.

Lobo Mal: Foi uma humilhação. Tive que me vestir de mulher e fazer uma voz de velha. Em casa ninguém me respeita mais. Quando faço alguma festa, o meu filho, lobinho mal, faz questão de lembrar o episódio e todos riem de mim. Lembrando também que depois que o caçador tirou a vovó da minha barriga, aquela velha veio com um sermão: ” respeite os mais velhos Lobo Mal, não coma mais pessoas da terceira idade, se forem políticos pode-se pensar no assunto...”

Vovozinha: Foi pavoroso ficar na barriga daquele lobo, quando ele corria para pegar chapeuzinho eu ficava sacolejando para lá e para cá. Ainda bem que ele não comeu Chapeuzinho porque ali dentro não cabia mais ninguém. O lado bom foi que casei com o meu salvador, o Caçador, e hoje vivemos muito felizes.

Caçador: Aposto que aquela velha disse que éramos felizes. Mentira, tudo mentira. Ela não me deixa mais caçar, diz que é a minha caça: “Sou a Loba Má, sou a Loba Má, venha me caçar...”. Por favor, se algum escritor se comover faça uma continuação onde o caçador casa com a vovó, mas se separa porque teve que ir caçar na África. Salvem-me daquela velha.

Sei o que vocês estão pensando, não percebemos nada do que foi dito quando nos foi contado essa história.A partir de hoje o blog está aberto para depoimentos de personagens de histórias infantis.Vamos ficar aguardando outros.