Toda a família reunida e alguns amigos
íntimos, ninguém sabia o motivo daquela reunião, mas Kleber fora
bem enfático:
- Tenho algo a dizer e quero que todos
os que são importantes para mim estejam lá para escutar.
Estavam agora reunidos e apreensivos.
Qual seria a grande revelação? Alguns já davam seus palpites.
- Ele deve está com alguma doença
terminal. Isso explicaria o por quê dele nos reunir. - quem falava
era a prima Vitória. Sempre existe nas famílias aquela prima
solteirona agourenta e fofoqueira. Nessa família era a prima
Vitória.
- Deixa disso Vitória, não está
vendo que a Clarice já está aflita. - repreendia a avó, Dona
Odete. Clarice é a esposa de Kleber e estava muito preocupada com
tudo aquilo.
- Só estou dando mimnha opinião.
Pode ser uma notícia boa também, é possível que...
A prima Vitória interrompe o que
estava falando e muda sua atenção para a porta, o que todos fazem
também. Kleber acabara de chegar.
Kleber, muito sério, caminha até o
centro da sala, olhando ligeiramente para todos.
Mãe,pai,avó,avô,esposa,filhos,tios,primos, amigos, todos estavam
ali esperando o seu anúncio.
- Pessoal, como já falei para cada
um, hoje eu tenho algo a lhes contar. Espero que entendam , sei que
não é fácil. - uma gota de suor desce por sua testa . - É algo
que já venho a um tempo querendo falar...
Tia Matilde, aflita, acaba de tomar
seu remédio para a pressão.
Kleber continua.
- É difícil dizer, mas,pessoal, eu
sou... um nerd.
Há todo um alvoroço pela sala. Tia
Maninha acaba de desmaiar, Dona Odete coloca as mãos no rosto e
começa a esbravejar.
- Mas como meu filho, como pode você
ser um Nerd? Eu vi você nascer, gordo, corado, corria por aí quando
menino, fazia xixi na cama até os doze anos, comia que se lambuzava
no doce de mamão...espere, qual é o assunto da conversa mesmo?
- Como assim você é um Nerd,
Bezinho? - Clarice questionava o esposo.
- Começou na infância, com os filmes
de Steven Spielberg. Foi algo muito rápido, quando percebi, estava
eu olhando para o céu,levantando as mão, esperando ser abduzido.
Todos escutavam, curiosos, a narrativa
de Kleber.
- Lembro como hoje da minha primeira
resvista em quadrinhos, o Besouro Gosmento.
- Mas como? Você mesmo não disse que
quadrinhos era para mané e chegava a bater nos garotos nerds da
escola? - Marcos, um amigo de infância, questionava Kleber.
- Tinha que manter as aparências. Os
quadrinhos, secretamente comecei a comprar de um garoto coreano do
quinto ano. Porém, tudo se concretizou quando assisti ao primeiro
filme de Star Wars, desde então percebi que eu era realmente nerd e
comecei a tentar usar a Força para esconder isso. Também tentei
usar a Força na professora de geometria mas, pelo que pude perceber,
ela não tinha uma mente fraca.
Tia Maninha começava a recobrar os
sentidos.
- Querida, lembra quando eu disse que
aquilo que você encontrou outro dia nas minhas coisas era uma
fluorescente portátil? Tudo mentira, era um sabre de luz.
Uma onda de espanto passou pela sala.
- Klingon, eu sei falar Klingon. HaB
SoSlI' Quch!.
- Ei, não diga isso aqui na sala,
mais respeito!
- Vovô, o senhor sabe Klingon?
- Só o básico.
- Na minha pré-adolescencia conheci
os livros de Julio Verne, Viagem ao Centro da terra era o meu
preferido.
- Por isso que o meu quintal ficava
todo esburacado. - falava a mãe de Kleber, que agora entendia tudo.
- Confesso, confesso. Assisti a todos
os filmes de Star Wars, nas versões originais e remasterizadas, é
verdade. Tenho um baú cheio de quadrinhos de vários heróis,
incluindo a edição rara do Homem-Aranha.
- Só pode está brincando!
- Vovô?! O senhor conhece as Hqs do
Homem-Aranha?!
- Alguma coisa.
- Sei todas as falas de De Volta Para
o Futuro e as espécies de cada dinossauro de Jurassic Park. Sei as
três Leis da Robótica e meu número preferido é 42.
Todos olhavam, fascinados.
- Todos em pé. Vamos fazer a saudação
vulcana de Star Trek.
Kleber se exaltava, toda aquela
história estava mexendo com ele.
Todos levantam e Kleber mostra a
maneira de se fazer a saudação. Levanta a mão separando os dedos
médio e anelar, o que todos tentam fazer.
- Não vovó, sem a ajuda da outra
mão. - repreendia Kleber.
Depois da saudação Kleber parecia
mais calmo. Finalmente contara o seu segredo a toda a família.
- Amor, já que você está revelando
segredos e tal, poderia me dizer o significado dessas palavras nas
nossas alianças? - perguntava Clarice.
- Bem, poderíamos falar disso depo...
- Um Anel para todos governar, um
Anel para encon....
- Vovô!