domingo, 10 de fevereiro de 2013

Passarinhoterapia

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    Certa vez, caminhando rumo ao trabalho, me deparo com uma clínica estética onde era anunciado algumas técnicas de beleza, relaxamento, com nomes um tanto inusitados: bambuterapia,vinhoterapia,pedraterapia,etc. Podem até serem técnicas comuns mas que para mim pareceram um tanto estranhas. Me imagino visitando a clínica:

     - Boa tarde senhor. Em que posso ajudar?- uma linda mulher, com um sorriso vindo diretamente de um comercial de pasta de dentes me atende.
     - Boa tarde. Eu marquei uma hora para conhecer a clínica, para me apresentarem os serviços, como funciona.
     - Ah, claro. Como é mesmo o seu nome?
     - Pires.
     - Está aqui. Venha por aqui Sr. Pires que lhe mostrarei a nossa clínica bem como os nossos serviços.
     Até esse momento nada de estranho, tudo parecendo muito normal. Mulher bonita e simpática, ambiente agradável.
     A mulher simpática, que posteriormente fiquei sabendo que se chamava Laura, se dirigiu a outo cômodo, o que prontamente fiz também. Nos encontrávamos agora em um grande corredor cheio de portas.
     - Nesse corredor ficam as nossas salas de terapias, cada uma com uma terapia específica.
     Depois que ela falou isso percebi que em cada porta havia uma pequena placa com o nome da terapia praticada. Na primeira havia: massagem relaxante. Até aí tudo bem, massagem é algo normal e era uma das coisas que gostaria de fazer.
     - Aqui é a sala de massagem relaxante, uma das mais procuradas da clínica. Esta outra aqui é a sala de vinhoterapia.
     Nesse momento é que as coisas começaram a ficar estranhas. Laura abriu a porta e dentro da sala haviam várias pessoas deitadas em divãs com garrafas de vinho na mão. Todas falavam alto, umas choravam, outras riam e uma estranhamente encenava Shakespeare.
     - Aqui as pessoas iniciam o tratamento bebendo uma garrafa de vinho, logo após deitam no divã e começam a contar os seus problemas a um psiquiatra imaginário. As melhoras aparecem após o terceiro dia de tratamento.
     - Isso realmente funciona? - indaguei desconfiado.
     - Funciona com 99% dos casos. O 1% é aquele senhor do Shakespeare.
     Passamos agora a outra porta que na placa se lia bambuterapia. Dessa ouvia-se alguns gritos vindos de dentro. Ao abrir a porta me deparei com uma das mais estranhas cenas que já vi. Era uma sala grande, haviam pessoas de branco com grandes bambus nas mãos e outras que corriam de um lado a outro da sala, essas tentavam desviar dos bambus mas quando não conseguiam recebiam bambuzadas nas pernas, era daí que vinham os gritos. Nesse instante recuei .
     - O que é isso? - perguntei assustado.
     - Essa reação sempre acontece .- fala a guia, rindo. - Essa técnica tem o objetivo de aumentar a agilidade, além de proporcionar um ótimo exercicio físico e maior resistência a dor. As pessoas tem que se desviar dos bambus correndo o risco de serem acertadas caso não consigam desviar. É umas das técnicas mais procuradas por artistas atualmente.
     Isso me assustou um pouco, mas continuamos a visita.
     - Esta é a sala da pedraterapia. Como você pode observar, aqui as pessoas devem equilibrar pedras ao mesmo tempo que andam e cantam músicas de sucesso atualmente. Muitas não conseguem por não terem coragem de cantar certas músicas. Essa técnica melhora o equilibrio, atenção e as vezes muda o gosto musical.
     A póxima sala, fugindo ao padrão, não tinha placa na porta informando a que se destinava.
     - E esta sala, por que não tem a placa informando o tratamento realizado nela? - questionei.
     - Ah, esta é de uma técnica experimental. A passarinhoterapia. Nela, cobre-se o paciente com alpiste e soltam-se dezenas de pássaros famintos. Estão falando que é melhor que acupuntura. Estamos até chamando alguns dos nossos clientes para experimentar gratuitamente. Se o senhor desejar... Sr. Pires? Por que o senhor está saindo? Senhor venha cá, ainda falta a sala do fogoterapia... Senhor...
     É, talvez eu tenha exagerado, mas que fico com um pé atrás com essas terapias estranhas fico.