Faz um tempo que não posto, então fiz hoje uma pequena playlist com músicas bem tranquilas para começar bem o dia. :-D
sábado, 29 de novembro de 2014
sábado, 4 de outubro de 2014
O Misterioso Convite
Era final de Setembro. As ruas estavam
cobertas pela neve, a única coisa que se ouvia era o som do vento.
Ela não queria ir, mas o convite fora bem enfático:” No antigo
casarão da irmandade, às 18:00h. Não falte, assunto de elevada
urgência”.
“O que seria tão importante?”-
Pensava consigo. Não se aproximava do casarão desde aqueles
trágicos acontecimentos. Agora estava ali, caminhando em direção à
antiga construção.
“A porta está aberta.”-
Preocupou-se.
Entrou. Todas as luzes estavam
apagadas. A escuridão tomava conta de todo o recinto. Nada podia ser
ouvido, nem mesmo o som do vento que a pouco era ensurdecedor.
“Olá.”- Nenhuma resposta.
Um calafrio percorre todo o seu corpo.
Estava sendo vigiada. Sente que vários olhos a observam. Tenta achar
a porta, mas as pernas não obedecem. Alguém passa atrás de si.
Tenta gritar, mas no lugar da voz só o medo consegue sair.
De súbito, as luzes são acesas:
- SURPRESA! PARABÉNS PRA VOCÊ...
domingo, 28 de setembro de 2014
Fim do Mundo
Os olhos não desgrudavam
da tela do Smartphone. Podia-se notar um sutil sorriso saindo dos
cantos dos lábios. Se o mundo acabasse naquele momento ela não
notaria.
- Alice, o mundo está
acabando!- Espera mãe, deixa eu enviar esta mensagem pro Caio.
- Você não está entendendo? O mundo está acabando mesmo. O meteoro está perto, a temperatura subiu, tudo vai acabar.
- Depois eu vou. Pode ir.
- Mas... O mundo...
- Depois mãe, eu já disse.
O mundo acabou e, por ironia, ela não conseguiu enviar a mensagem.
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
Sono Bom
Quando o ar condicionado
novo chegou na minha sala fui logo olhando o controle remoto. Antiga
mania de descobrir as funções que determinado aparelho oferece.
Logo um botão me chamou a atenção. Nele havia escrito “sono
bom”. Que função seria essa? Com nome tão peculiar e sugestivo
provavelmente seria algo inovador. Comecei a imaginar: deveria ser uma função
integrada. Ao apertar o botão inicialmente as persianas se
fechariam, as luzes teriam seu brilho reduzido e uma leve fragrância
de camomila seria lançada pela sala. Em seguida a cadeira se
reclinaria, mãos robóticas retirariam meus sapatos e um escalda
pés surgiria de um compartimento do chão. “As Quatro Estações”
de Vivaldi poderia ser escutada ao fundo.
De volta desse
esperançoso devaneio fui, na expectativa, apertar o botão e
descobrir o que realmente fazia essa função. Para minha decepção
a única coisa que aconteceu foi se apagarem as luzes do painel do ar
condicionado. Procuro o manual e leio a esclarecedora descrição da
“sono bom”:
“Esta função
proporciona um maior conforto térmico durante o sono. Ao acioná-la,
a temperatura será ajustada, automaticamente, reduzindo a sensação
de frio ou calor excessivos durante o sono. Todas as luzes do painel
digital irão se apagar para reduzir a luminosidade do ambiente.”
É,
bem menos interessante do que eu imaginei, mas fica aqui a sugestão
caso alguma empresa visionária se interesse. Fazer o quê. Pelo menos Vivaldi eu
posso colocar para tocar.
sexta-feira, 5 de setembro de 2014
Aula de Desenho
Passo pela folha A4
Passeio pela A3.
Pego régua, lápis e esquadro
E desenho tudo outra vez.
Pelos ortogonais das minhas vistas
Tento deixar tudo no lugar.
Isométricas são minhas perspectivas
De poder acertar.
O centro foi encontrado
Não sei se o da terra também.
O polígono está correto
Mas esta escala, não está além?
Tudo agora está reto,
Calculado e proporcional.
As medidas não estão em metros
Mas a escala deixa tudo legal.
quarta-feira, 27 de agosto de 2014
Conjugue
Eu fiz e fiz
bem feito.
Tu fizeste e
não teve jeito.
Ele fez bem
concentrado.
Nós fizemos de
bom grado.
Vós
fizestes em visível alegria.
Eles fizeram,
mas que agonia.
Verdade. Prova
de conjugação verbal é mesmo uma caixinha de surpresas.
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
Coisas de Formiga
Ganho
o corredor, passo pela copa onde o relógio está acabando de bater
cinco horas. Atravesso a cozinha, vendo a Alzira a remexer em suas
panelas, sem tomar conhecimento da minha existência. Desço a escada
para o quintal e dou com um garotinho agachado junto ás poças
d'água da chuva que caiu há pouco, entretido com umas formigas.
Dirijo-me a ele, e ficamos conversando algum tempo.(*)
***
- O
que está fazendo? - pergunto ao garoto.
- Shhh!
Silêncio ou elas irão embora. Elas não gostam de barulho. -
repreende o menino.
- Elas
quem?
- As
formigas, claro.
- Ah
sim, claro. O que elas estão fazendo?
- Tentei
perguntar, mas não me falaram nada. Acho que estão formigando,
mas não sei bem o que.
- Formigando?
- É,
coisas de formiga.
O
garoto volta a observar as formigas, ignorando a minha presença
ali. Volta a tentar entender aquele, que no seu mundo, considera um
grande mistério.
***
(*) Primeiro parágrafo: Trecho do livro O menino no Espelho de Fernando Sabino.
Ilustração de Carlos Cavalcante.
terça-feira, 5 de agosto de 2014
Mais Feliz!
Quero ver você feliz.
Mais feliz que origamista em papelaria.
Mais feliz que dona de casa numa loja em promoção das casas Bahia.
Mais feliz que pinto no lixo.
Mais feliz que um avarento ganhando desconto.
Mais feliz que formiga numa piscina de açúcar.
Mais feliz que aluno em feriado.
Mais feliz que mulher fazendo compras.
Mais feliz que criança ganhando brinquedo.
Mais feliz que pobre ganhando brinde.
Mais feliz que sapo na chuva.
Mais feliz do que qualquer outro.
terça-feira, 29 de julho de 2014
Arte no Paint
Olá
pessoal, hoje venho com uma postagem um pouco diferente. É uma
seleção de desenhos de um artista amigo meu, Carlos Cavalcante.
Estes desenhos, acreditem, foram todos feitos no Paint. Sim, aquele
programa simples de desenho e edição de imagens do Windows em que
fazíamos alguns rabiscos nas aulas de informática básica.
Como
podemos perceber, a temática dos desenhos é diversa, sempre com
bastante cor. O que chama a atenção é que além do desenho ele
também faz todo o sombreamento no programa, tendo como resultado
essas belíssimas imagens.
Sem
mais delongas, apreciem a exposição.
sábado, 12 de julho de 2014
E começa a partida!
E começa a partida! São
quatro e meia da manhã e Seu João acabou de acordar. Toma banho, se troca, toma
o café, beija a mulher, o filho e a filha e sai pro trabalho! Lindo lance! Está
chegando na parada de ônibus. O quê? O ônibus está se preparando para sair? Seu
João se prepara e parte ao ataque. Dribla um, dribla dois, três e consegue pegar o ônibus. Daí para frente são mais dois ônibus que ele terá que
enfrentar. Partida difícil!
Nosso jogador
finalmente chega ao trabalho depois de duas intermináveis horas de percurso! E
começa a pegar as caixas! Pega a primeira e se dirige ao estoque. Passa a caixa
para José e volta para pegar outra. Quanta habilidade!
Já estamos no final do
segundo tempo. Dia terminando, Seu João
arruma suas coisas e sai em busca de pegar o primeiro dos três ônibus para
voltar para casa. Já é possível ver sinais de cansaço. Pensa em passar no
mercado mas lembra que está sem dinheiro e segue viagem.
Momentos finais. Seu
João se aproxima da porta de entrada. Pega a chave, abre a porta e
goooooooooool! Entra em casa e conclui mais um dia de trabalho! Beija e abraça a
mulher em comemoração! Quanta emoção! E assim termina mais uma partida diária
na vida do nosso craque.
sábado, 24 de maio de 2014
Play5 - Manhãs de Domingo
De tempos em tempos faço uma postagem de uma playlist das músicas que estou escutando no momento. Aqui vai mais outra, espero que curtam bons momentos com ela. Como as manhãs de domingo, por exemplo.
Easy – Faith no More
High and Dry –
Radiohead
To Love Somebody –
Michael Bubble
If I Ain't Got You -
Alicia Keys
Lucky Man – The Verve
domingo, 20 de abril de 2014
Lembranças em um caderno
Quando virei a página para escrever o meu rascunho,
para minha surpresa, havia mais um texto. Escrito a lápis, era
talvez uma tentativa de um poema, poesia, ou algo no intermediário
disso. Datava de 30 de Dezembro de 2006, talvez surgido de um momento
de reflexão do ano que havia passado ou referente ao ano que estava
chegando. Como título havia a frase: “A vida vale a pena ser
vivida”. Essa frase, me lembro agora, acho ter sido tirada de uma
peça teatral de comédia que assisti, não me lembro a época exata.
O texto de hoje então será esse de oito anos atrás,
não porque seja um texto incrível, mas porque me mostra as ideias
daquele garoto:
A vida vale a pena ser vivida porque...
… os pássaros cantam.
… cada momento é único.
… sonhamos.
… sorrimos.
A vida vale a pena ser vivida porque...
… temos o dom de perdoar.
… podemos praticar a caridade.
… somos seres humanos diferentes.
… sentimos.
… temos amigos.
A vida vale a pena ser vivida porque...
… somos amigos.
… somos família.
… somos o que não pensamos ser, mas somos.
… temos medo.
… temos emoções.
A vida vale a pena ser vivida porque...
… o sol nasce todos os dias para nos aquecer.
… bebemos água.
… nascemos mais de uma vez na vida.
… aprendemos com os nossos erros.
… temos a Deus.
E Ele nos ama.
E nós o amamos.
quinta-feira, 6 de março de 2014
Sapateie!
O senhor Edgar era um
respeitável corretor de imóveis de uma pequena cidade do interior
da Inglaterra. Tendo viajado por todo o mundo a negócios, se
encontrava agora aposentado, vivendo feliz com a mulher.
Ultimamente um fato
curioso vinha ocorrendo, o que estava deixando a mulher de Edgar,
Judith, um pouco curiosa e receosa. Todos os dias, após o jantar,
Edgar se levantava e sapateava. Isso mesmo, sapateava. Fazia alguns
passos e saía da sala. No início Judith achou que o marido estava
apenas fazendo graça, mas quando percebeu que aquilo ocorria todos
os dias, começou a ficar preocupada.
- Querido, por que
você faz isso todos os dias? - questionava a mulher.
- É porque tenho que
fazer – respondia apenas, Edgar.
O mais constrangedor
era que o corretor não fazia aquele ritual somente em casa, mas
também em ocasiões sociais, como no jantar de noivado da irmã de
Judith. Estavam todos à mesa quando Edgar se levantou e realizou o
seu sapateio. Alguns riram, mas ficara claro que a maioria achou
aquilo bastante estranho. E isso se repetia nas mais diversas
ocasiões, deixando a esposa de Edgar cada vez mais preocupada.
Judith decidira então
pedir conselhos a sua mãe, Marta, sobre o que fazer. Essa que também
já havia notado o comportamento estranho do genro.
- Minha filha, você
tem que falar com o seu marido sobre essa situação. Saber se ele
está normal. - indagava a sogra do corretor.
- Já falei com ele.
Perguntei o por quê dele fazer isso e ele só responde que é porque
tem que fazer. Diz que não pode explicar.
- Seja mais forte e
exija uma explicação.
Foi o que Judith fez,
exigiu uma explicação e o que obteve foi a história mais inusitada
que já ouvira:
Isso aconteceu numa
viagem que fiz para a Irlanda, ano passado. - começava Edgar. - Em
uma das casas que eu estava vendendo, havia ocorrido, há pouco, um
caso sem explicação. Seu dono desaparecera misteriosamente. Os
vizinhos falaram que no dia anterior ao ocorrido ele estava bastante
nervoso e gritava constantemente no jardim: “você não vai mais me
dominar, não irei fazer mais suas vontades ”. No outro dia, ele
simplesmente desapareceu.
Quando fui ao local,
me deparei com uma casa bastante simpática e aconchegante. Andei por
cada cômodo, porém o que mais me interessou foi o seu jardim. Era
muito bonito e bem cuidado. Ao observar esse jardim, me deparei com
algo que me despertou a curiosidade. Próximo a uma pedra havia uma
folha de tamanho maior que as que haviam ali e de tonalidade
diferente também, vermelho escuro. Mas o que mais me chamou a
atenção é que havia algo escrito nela: “Sapateie!” . Quando li
aquilo, escuto uma voz vindo detrás de mim: “vamos, o que está
esperando?”. Naquele momento achei que meus olhos estavam pregando
uma peça. Se encontrava, perto de uma das flores, um ser pequenino,
vestido de verde, que me olhava com os seus olhos brilhantes. “Vamos,
vamos logo, faça!” , gritava a criaturinha impaciente. Quando me
recompus do susto, pude questionar o que era aquilo. “Me chamo
Alphonsus e sou um Leprechaun, ou duende como vocês humanos idiotas,
costumam chamar. Por ter lido a minha mensagem você agora será meu
escravo e terá como sina ter que sapatear cada vez que terminar uma
refeição.”, gesticulava grosseiramente o pequeno ser. Falei que
não faria nada disso, foi aí que ele veio com a ameaça: “se não
fizer o que mando, acabará como o dono desta casa. Me desobedeceu e
rapidamente sumiu.” Ele me mostrou a maneira que deveria sapatear e
desde então venho fazendo o que me mandara.
Após ouvir toda a
narrativa do marido, Judith tinha agora a certeza que ele estava
louco. Primeiramente procurou não o contrariar e concordou com tudo
o que dissera, dizendo que o apoiaria, mas sabia que tinha que fazer
algo a respeito.
Conversou com sua mãe
e juntas elaboraram um plano para tentar curar o marido.
Em um jantar reuniram
toda a família e ao final, quando o marido de Judith iria fazer os
passos, dois cunhados dele o agarraram.
- Mas o que estão
fazendo?! - exasperava-se Edgar.
- É para o seu bem
querido. Você verá que nada de mal irá acontecer se você não
sapatear hoje. - falava carinhosamente a mulher.
- Vocês não
entendem, ele vai sumir comigo, vai sumir comigo... - repetia,
amedrontado o homem.
Não permitindo que o
corretor realizasse sua sina, o amarraram e o levaram para o quarto.
O homem resistia fortemente e aos gritos protestava aquela
atitude.Quando finalmente conseguiram o colocar no quarto, voltaram
todos para a sala. Nesse momento ouviu-se um grande barulho, como o
de uma explosão. Todos correram, preocupados. Ao chegarem no quarto
perceberam que Edgar não se encontrava mais lá. Em cima da cama, que outrora se
encontrava o corretor,
percebeu Judith, havia uma folha de tonalidade escura com algo
escrito. Judith a pegou e leu o que estava escrito.
- O que diz aí? -
perguntou a mãe de Judith.
- Sapateie! -
respondeu a mulher.
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