terça-feira, 12 de julho de 2011

Salvem o Terapeuta

    -Pode começar a falar. O que lhe trouxe aqui?
    -Bem, doutor, eu não sei mais o que pensar, estou muito confusa, meu emocional está muito abala...(choro)
    -Calma, estamos aqui para tentar resolver essa questão, continue falando.
    Continuou, agora mais calma.
   -As pessoas dizem que gostam de mim, que sou o que elas querem...
   -Não vejo isso como problema.
   - Porém o que me confunde é que depois me xingam, querem que eu vá embora logo..(choro, abre a janela para pular, mas ver que está frio e a fecha)
   - Calma, apenas continue falando. Me explique melhor.
   - As pessoas dizem que me querem, que não veem a hora de eu chegar, que eu deveria permanecer por mais tempo.Nesse momento meu ego cresce, minha auto-estima se eleva... E quando chego, sou bem recebida, mas após algum tempo...
    Rapidamente o terapeuta consegue retirar das mãos dela uma caneta com a qual ela insistia em tentar perfurar o olho.
   - Mas após algum tempo, dizem que não estão me aproveitando bem ou então falam que estão ansiosos para que eu vá embora...
   - Se sente mal com isso?
   - Se eu me sinto mal?!Olhe minha cara de felicidade!Pareço estar mal...
   Dessa vez ele é mais rápido e impede que ela acenda um isqueiro e tente se queimar.
   - Muitas crianças são sinceras e dizem que não gostam de mim e pronto.Eu não entendo...(choro)
   - Sua família lhe apoia nesses momentos?
   - Ela é muito grande e todos estão ocupados o tempo todo, se transformam em vários para darem conta do trabalho.
   - E você, não deveria estar trabalhando?
   - Era, mas eu fugi, estou fugindo de tudo, estou fugindo da vida....
   O terapeuta avança em cima dela e a faz cuspir todos os comprimidos que tentava ingerir de uma vez só.
   - Eu não entendo o por que disso tudo!Qual o problema comigo?!
   - Compreenda que as pessoas mudam de opinião rapidamente, nunca estão satisfeitas. Você, palavra Férias, geralmente é vivida uma vez por ano.Muitos não conseguem lidar com isso, ficam perdidos. A sua complexidade-simplista os intimida.Não sabem o que dizer, falando assim essas coisas.
    A Palavra Férias pareceu se acalmar um pouco com essas palavras do terapeuta.Olhava para o teto, não sabia-se porém se era em reflexão ou por causa do ventilador que girava com suas hélices de metal.Por via das dúvidas o médico afastou a Palavra daquelas hélices.
   - Vá para casa, reflita um pouco o que eu disse que na próxima consulta iremos nos aprofundar mais em cada questão.
   - Está certo.- falou agora mais calma.
   A Palavra sai do consultório em reflexão.O terapeuta fecha a porta num suspiro:
   -Complexidade-simplista, de onde tirei isso?Vejo que preciso de umas férias...