quarta-feira, 15 de maio de 2013

Segredo de Infância


   
Toda a família reunida e alguns amigos íntimos, ninguém sabia o motivo daquela reunião, mas Kleber fora bem enfático:
     - Tenho algo a dizer e quero que todos os que são importantes para mim estejam lá para escutar.
     Estavam agora reunidos e apreensivos. Qual seria a grande revelação? Alguns já davam seus palpites.
     - Ele deve está com alguma doença terminal. Isso explicaria o por quê dele nos reunir. - quem falava era a prima Vitória. Sempre existe nas famílias aquela prima solteirona agourenta e fofoqueira. Nessa família era a prima Vitória.
     - Deixa disso Vitória, não está vendo que a Clarice já está aflita. - repreendia a avó, Dona Odete. Clarice é a esposa de Kleber e estava muito preocupada com tudo aquilo.
     - Só estou dando mimnha opinião. Pode ser uma notícia boa também, é possível que...
     A prima Vitória interrompe o que estava falando e muda sua atenção para a porta, o que todos fazem também. Kleber acabara de chegar.
     Kleber, muito sério, caminha até o centro da sala, olhando ligeiramente para todos. Mãe,pai,avó,avô,esposa,filhos,tios,primos, amigos, todos estavam ali esperando o seu anúncio.
     - Pessoal, como já falei para cada um, hoje eu tenho algo a lhes contar. Espero que entendam , sei que não é fácil. - uma gota de suor desce por sua testa . - É algo que já venho a um tempo querendo falar...
     Tia Matilde, aflita, acaba de tomar seu remédio para a pressão.
     Kleber continua.
     - É difícil dizer, mas,pessoal, eu sou... um nerd.
     Há todo um alvoroço pela sala. Tia Maninha acaba de desmaiar, Dona Odete coloca as mãos no rosto e começa a esbravejar.
     - Mas como meu filho, como pode você ser um Nerd? Eu vi você nascer, gordo, corado, corria por aí quando menino, fazia xixi na cama até os doze anos, comia que se lambuzava no doce de mamão...espere, qual é o assunto da conversa mesmo?
     - Como assim você é um Nerd, Bezinho? - Clarice questionava o esposo.
     - Começou na infância, com os filmes de Steven Spielberg. Foi algo muito rápido, quando percebi, estava eu olhando para o céu,levantando as mão, esperando ser abduzido.
     Todos escutavam, curiosos, a narrativa de Kleber.
     - Lembro como hoje da minha primeira resvista em quadrinhos, o Besouro Gosmento.
     - Mas como? Você mesmo não disse que quadrinhos era para mané e chegava a bater nos garotos nerds da escola? - Marcos, um amigo de infância, questionava Kleber.
     - Tinha que manter as aparências. Os quadrinhos, secretamente comecei a comprar de um garoto coreano do quinto ano. Porém, tudo se concretizou quando assisti ao primeiro filme de Star Wars, desde então percebi que eu era realmente nerd e comecei a tentar usar a Força para esconder isso. Também tentei usar a Força na professora de geometria mas, pelo que pude perceber, ela não tinha uma mente fraca.
     Tia Maninha começava a recobrar os sentidos.
     - Querida, lembra quando eu disse que aquilo que você encontrou outro dia nas minhas coisas era uma fluorescente portátil? Tudo mentira, era um sabre de luz.
     Uma onda de espanto passou pela sala.
     - Klingon, eu sei falar Klingon. HaB SoSlI' Quch!.
     - Ei, não diga isso aqui na sala, mais respeito!
     - Vovô, o senhor sabe Klingon?
     - Só o básico.
     

    - Na minha pré-adolescencia conheci os livros de Julio Verne, Viagem ao       Centro da terra era o meu preferido.
     - Por isso que o meu quintal ficava todo esburacado. - falava a mãe de Kleber, que agora entendia tudo.
     - Confesso, confesso. Assisti a todos os filmes de Star Wars, nas versões originais e remasterizadas, é verdade. Tenho um baú cheio de quadrinhos de vários heróis, incluindo a edição rara do Homem-Aranha.
     - Só pode está brincando!
     - Vovô?! O senhor conhece as Hqs do Homem-Aranha?!
     - Alguma coisa.

     - Sei todas as falas de De Volta Para o Futuro e as espécies de cada dinossauro de Jurassic Park. Sei as três Leis da Robótica e meu número preferido é 42.
     Todos olhavam, fascinados.
     - Todos em pé. Vamos fazer a saudação vulcana de Star Trek.
     Kleber se exaltava, toda aquela história estava mexendo com ele.
     Todos levantam e Kleber mostra a maneira de se fazer a saudação. Levanta a mão separando os dedos médio e anelar, o que todos tentam fazer.
     - Não vovó, sem a ajuda da outra mão. - repreendia Kleber.
     Depois da saudação Kleber parecia mais calmo. Finalmente contara o seu segredo a toda a família.
     - Amor, já que você está revelando segredos e tal, poderia me dizer o significado dessas palavras nas nossas alianças? - perguntava Clarice.
     - Bem, poderíamos falar disso depo...
     - Um Anel para todos governar, um Anel para encon....
     - Vovô!

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